LACRE – Laboratório de Arte Cuír e Resistência é um projeto transdisciplinar do Coletivo Afrontosas que junta artistas negros queer de variadas formações a trabalhar em Portugal na reflexão e produção artística sobre as dimensões críticas da arte. O LACRE possui uma componente fundamental para a melhoria da qualificação de profissionais e instituições ligadas à cultura e à arte acerca das relações entre negritude e identidades de gênero e tem como fundamento a promoção de uma maior diversidade étnica e cultural de artistas negros queer no tecido social português. É um projeto antirracista e interseccional na medida em que busca suplantar as consequências estruturais que contribuíram para aumentar as desigualdades sociais em termos de representação e oportunidades de trabalho para este grupo de pessoas.
Num formato tripartido, o LACRE 2024 consiste em dois workshops de mediação e reflexão:“Afro-Jazz”, a 05 de Setembro, com David J. Amado; “Aquilombamento e identidade – Dramaturgias e intervenções possíveis”, a 12 de Setembro com Joyce Souza; duas residências artísticas entre 2 e 14 de setembro, de Luan Okun e Noé João, com tutoria de ROD, tony omolu e DIDI (Coletivo Afrontosas); e dois momentos de apresentação pública a 7 e 14 de setembro, resultado dessas residências.
Uma mistura distinta de técnicas da dança moderna (Horton e Graham) e a dança clássica com raízes afro-latinas e nuances de música funk e soul. O foco é a fluidez através dos movimentos instintivos, orgânicos e sensuais. O aquecimento é projetado para despertar os sentidos e aumentar a força através da conscientização, da respiração, do alinhamento do corpo e dos isolamentos.
Workshop com David J. Amado
Afro-Jazz
05 SET 2024
19h às 21h
Goethe-Institut Lisboa
Endereço: Campo dos Mártires da Pátria 37, 1169-016 Lisboa
Telefone: 21 882 4510
COMO SE INSCREVER
Os workshops têm participação gratuita, mediante inscrições e disponibilidade de vagas (direcionadas para pessoas da Comunidade Negra LGBTQIAPN+)
– Pessoas interessadas em participar devem preencher o formulário de inscrição que está neste link. As pessoas selecionadas serão contatadas por e-mail.
Para incentivar a participação e facilitar o acesso a estas formações, cada participante receberá um voucher de 15€, a ser entregue no dia de cada workshop.
David J. Amado
A missão de DAVID J. AMADO é narrar histórias da comunidade negra queer por meio do ballet e do cinema, que promovam uma mentalidade inclusiva, desafiando conceções sobre a sua versatilidade e sua viabilidade. @davidjaamdo// pt.davidjamado.com
Neste encontro se propõe um mergulho no conceito ampliado de quilombo desenvolvido por Beatriz Nascimento. Iremos explorar os componentes deste ato/gesto/movimento, para refletirmos coletivamente como o aquilombar pode servir de estratégia para outros imaginários possíveis acerca de corpas racializadas. Mais do que explorar um conceito teórico se pretende refletir como ele interfere de modo prático no cotidiano bem como no fazer artístico. Além da conversa também iremos experimentar breves exercícios práticos, jogos e dinâmicas que dialogam com a temática.
Workshop com Joyce Souza
Aquilombamento e identidade – Dramaturgias e intervenções possíveis.
12 SET 2024
19h às 21h
Goethe-Institut Lisboa
Endereço: Campo dos Mártires da Pátria 37, 1169-016 Lisboa
Telefone: 21 882 4510
COMO SE INSCREVER
Os workshops têm participação gratuita, mediante inscrições e disponibilidade de vagas (direcionadas para pessoas da Comunidade Negra LGBTQIAPN+)
– Pessoas interessadas em participar devem preencher o formulário de inscrição que está neste link. As pessoas selecionadas serão contatadas por e-mail.
Para incentivar a participação e facilitar o acesso a estas formações, cada participante receberá um voucher de 15€, a ser entregue no dia de cada workshop
Joyce Souza
Atriz, performer, dramaturga e educadora. Natural de Guarujá- SP no Brasil e vive em Lisboa. No Brasil iniciou sua formação acadêmica em direção teatral na Universidade Federal de Ouro Preto-MG. É formada em interpretação na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo e licenciada em educação artística na Faculdade Paulista de Artes-SP. No Teatro atuou em diversos espetáculos sob direção de Luiz Fernando Marques- Lubi; Wanderley Piras; Adriana Azenha; Bete Dorgam; Dagoberto Feliz; Claudia Schapira; Iacov Hillel; Isabel Setti; Angelo Brandini, entre outros. Atuou como performer, artista educadora e coordenadora educativa em exposições de arte e museus. Destacando “Mayas, a revelação de um tempo sem fim” e “Terra Comunal – Marina Abramovic +MAI”, integrando a equipa educativa que aplicou o método desenvolvido por Abramovic. Foi docente convidada das disciplinas: “Interpretação” e “Performance”, no Curso Técnico de Teatro do Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Foi integrante do coletivo artístico Usina da Alegria Planetária – UAP que realiza pesquisas e atividades artísticas em antropologia e rito/performances. Em Portugal criou e desenvolveu “Jogatina de histórias” e “Histórias de Bolso”, projetos de contação de histórias e improviso. Integrou como intérprete vocal a performance “Em ver lhe ser” no Festival “A Salto” em Elvas 2019. Em 2022 conclui o Mestrado em Artes Performativas na Escola Superior de Teatro e Cinema (IPL) cuja pesquisa teórica foi convidada à publicação pela ESTC edições no formato e-book. Ainda neste ano foi performer no espetáculo “Self Portrait. E agora como a gente luta?” dirigido por Isabel Mões. Em 2023 integra o espetáculo “descobri-quê?” dirigido por Cátia Pinheiro, Dori Nigro e José Nunes, uma co-produção da Estrutura e do TNDM II em digressão pela Odisseia Nacional. No projeto atua como intérprete e como formadora, desenvolvendo oficinas para o ensino secundário. Ainda em parceria com a Estrutura contribuiu na dramaturgia do espetáculo “Carta à Matilde” que estreou em junho no Teatro Rivoli- Porto.
Seja Bem-Vinde, é um projeto que teve início no ano de 2024 onde o projeto de performance passa por dialogar com o processo de nascimento e renascimento nas suas diversas formas. Seja uma semente a romper a terra, uma nova criança a chegar ao mundo ou uma espécie ameaçada de extinção a regressar ao seu habitat natural, a performance explora como acolhemos esses novos seres no nosso mundo, como resgatar memórias e debater sobre a proteção do direito à infância sem violência. O performer escreve e descreve tudo aquilo que deseja apresentar a essa nova vida que surge. Conecta-se tanto com memórias de infância quanto com um desejo profundo de transformar essas mesmas memórias. A performance mistura essas lembranças com aspirações de romper com padrões antigos, criando um espaço onde passado e futuro se entrelaçam. Além disso, a performance traz à tona o debate sobre quais os corpos capazes de gerar vidas, questionando e descentralizando a ideia binária de que o ato de parir é exclusivamente feminino. O objetivo é de ampliar a compreensão sobre a diversidade dos corpos e das suas capacidades, promovendo uma visão mais inclusiva e abrangente. Assim, a apresentação torna-se numa celebração da chegada de novos seres, uma reflexão sobre o acolhimento e a renovação, e uma declaração de intenções para um futuro onde memória, desejo e diversidade coexistem harmoniosamente.
Seja Bem-Vinde, de Luan Okun
Residência no Alkantara 02 a 07 SET 2024
Apresentação 07 SET 2024 20h
Espaço Alkantara
Calçada Marquês de Abrantes, 99
1200-718 Lisboa – Portugal
Telefone: + 351 213 152 267
(Entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete na portaria do Espaço Alkantara e disponibilidade de lugares).
Luan Okun
Nascido em 27 de junho de 1995 em Ituiutaba-MG, é um artista dissidente migrante radicado em Lisboa desde 2018. Sua trajetória artística começou em 2014, cursando teatro na Universidade Federal de Uberlândia. Sua prática explora as subjetividades do corpo racializado e as complexidades da identidade dissidente. Luan participou de projetos significativos, destacando-se como ator e assistente de direção no espetáculo “Benedites”, além de produzir e ministrar oficinas no Movimento Cultural O Olho da Rua em 2018. Seu trabalho abrange atuação, figurino e cenografia, colaborando com artistas como Puta da Silva, Jota Mombaça e Tita Maravilha.vCriou a performance “O Jeito que o Corpo Dá”, exibida em festivais como Ano Zero e na Galeria Nacional do Porto. Atuou em “Cosmos” das Auroras Negras e “As Três Irmãs” de Tita Maravilha, e apresentou “Corpo Lento” no Teatro São Luís e no festival ASPHALT na Suécia.
Ovite é um bailarino que está sempre a rodopiar, onde há música ele lá está. Tem objetivos bem delineados, que se evidenciam na sua forma de ser. Mas um acontecimento estranho, um misto de mistério e confusão, cruza o seu caminho e leva a sua vida. Mesmo na morte, Ovite não descansa, volta em espírito para lutar com quem o matou. Mas é uma luta que junta duas narrativas, a representação com a voz, e com o movimento do corpo, que por sua vez, produz textos. O espírito de Ovite, luta com Mavinga, o homem que o matou, é uma vingança brilhante para ele. Quer transformar o seu assassino naquilo que ele era, bailarino. A luta permanece até haver harmonia na dança, entre o vivo e o morto, Ovite só pretende sossegar depois de cumprir a sua vingança. Mavinga exclama, “eu não quero morrer, a minha vida não te pertence. Deixa- me viver espírito do mal”. Esta dualidade entre o vivo e o morto, o espírito e não espírito, estão sempre presentes no espaço cénico. Este espetáculo leva-nos a questionar o nosso conhecimento sobre o que existe e o que não existe, e até que ponto estamos vivos?
Cinzas do Vulto, de Noé João
Residência no Alkantara 09 a 14 SET 2024
Apresentação 14 SET 2024 20h
Espaço Alkantara
Calçada Marquês de Abrantes, 99
1200-718 Lisboa – Portugal
Telefone: + 351 213 152 267
(Entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete na portaria do Espaço Alkantara e disponibilidade de lugares).
Noé João
Nasceu em Luanda, em 1986. Residente em Lisboa. É licenciado em Economia pela universidade Lusíada de Lisboa. Tem o curso de escrita criativa pela “Escrever Escrever”, atualmente trabalha como guionista. Em 2014 fez parte da equipa de escrita da telenovela angolana, “Jikulumessu”, da produtora Semba Comunicação, que foi nomeada para os Emmys na categoria de melhor novela, coordenação de Joana Jorge. Em 2017 ainda na mesma produtora, fez parte da equipa de escrita do guião de novela, “Num Instante”, coordenação de Eduarda Laia. Colaborou com a cooperativa, BAGA-BAGA, na escrita de um guião publicitário. Participou na produção das comemorações, dos dez anos do projeto BIP-ZIP, da Camara Municipal de Lisboa (CML). Em 2022 fez parte da equipa de escrita da telenovela, “O Rio”, primeira temporada, da produtora Diamond Films, adaptação de uma telenovela sul africana. Realizou numa residência artística, na Companhia de Teatro GRIOT, como assistente de encenação, na peça “Uma Dança das Florestas”, de Wole Soyinka com a encenação de Zia Soares. Estreou-se em palco, com a peça “Cinzas do Vulto”, de sua autoria, na ALAIM (Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo), em Cabo-verde, numa mostra de artistas residentes, no âmbito do projeto PROCULTURA-PALOP-TL. Em 2023 fez parte da equipa de escrita da telenovela, “Mahinga”, ainda da produtora Diamond Films, que foi nomeada para o prémio Africa Magic Viewers Choice Awards (AMVCA), na categoria de melhor novela original. Ainda em 2023 escreveu e encenou a peça teatral, ”Ventos do Apocalipse”, para a Companhia de Teatro GRIOT, a partir da obra homónima de Paulina Chiziane.
O LACRE busca, através das suas propostas, produzir uma nova epistemologia do conceito queer ao propor um fazer artístico que considere a urgência da manifestação deste tipo de arte e também a latente necessidade de garantir que a produção de artistas negros e queer se manifeste de modo equitativo no cenário português.
A palavra “cuír”, utilizada neste projeto, é um neologismo de resistência. Invoca em si a vontade de autonomização das identidades negras queer na produção da sua própria agenda artística. Ao priorizar essas propostas, o projeto destaca-se pela sua relevância social e pela sua capacidade original de impactar positivamente a comunidade e o cenário artístico de maneira significativa. Desta forma, o projeto providencia cenários de restituição simbólica e física em relação às históricas disparidades sociais dentro do setor artístico.
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Financiado pela DGArtes – Ministério da Cultura, LACRE é uma produção do Coletivo Afrontosas, com co-produção do Alkantara e do Goethe-Institut Portugal. A Contemporânea, Dezanove, Buala e Bantumem são os parceiros de comunicação.
Assessoria de imprensa: Aviva Obst // aviva@avivaobst.pt //+3511 934 728 964
Coletivo Afrontosas
Afrontosas é uma Associação Cultural com o objetivo de promover a negritude queer. O Coletivo Afrontosas é uma Associação Cultural que nasceu a partir de encontros de pessoas negras/racializadas cuír ligadas ao mundo das artes, da educação e da celebração motivadas pela ausência de projetos que reflitam sobre a importância da negritude cuír da diáspora em Portugal em confluência com os trânsitos migratórios da América Latina, África e outras regiões Um dos objetivos do Afrontosas é fomentar, promover e divulgar a produção artística e educacional de artistas negres/racializadas cuír a fim de criar espaços interseccionais para o debate e a interlocução entre agentes culturais no âmbito nacional e internacional. O Coletivo atua em cinco áreas: Arte e Pesquisa; Acolhimento e Ancestralidade; Consultoria e Ensino; Cultura e Celebração e Lifestyle e Fashion Design. website: www.afrontosas.pt
Web Design: ROD // Identidade visual : Carolina Elis